“Chegou a hora, nós temos que diminuir, tirar os caras de lá” diz Marquinhos Santos sobre os atletas no DM
Treinador preferiu focar no ponto conquistado e na melhoria do desempenho da equipe, destacando a maior organização em campo
Na noite deste domingo, Marquinhos Santos, técnico do América, avaliou o empate que garantiu a volta do time ao G4 do grupo A3 da Série D. Em uma entrevista cheia de pontos importantes, o treinador preferiu focar no ponto conquistado e na melhoria do desempenho da equipe, destacando a maior organização e energia em campo, especialmente com a volta dos jogadores Gustavo Ramos e Giovani.
Veja a entrevista completa em vídeo.
— Eu não quero falar dos dois pontos perdidos porque os fatores citados pelo Marcelo aqui, acho que já são bem condizentes com aquilo que que se mostrou dentro do jogo. Eu prefiro falar desse um ponto conquistado que nos colocou no G4 novamente — disse o treinador.
Desempenho da equipe
Marquinhos comentou sobre a mudança de organização e entrega dos jogadores, com o retorno de Gustavo Ramos e Giovani no ataque:
Diferente dos últimos dois jogos, no meu ponto de vista, uma organização maior e melhor, uma energia voltando da nossa equipe com o retorno do Gustavo Ramos. O Giovani entrou muito bem, sustentando o jogo, segurando até.
Arbitragem polêmica
Santos foi perguntado se a expulsão de Wenderson dificultou as ações do América. O jogador foi expulso após levar o segundo cartão amarelo. O árbitro, mal posicionado, não viu que o jogador pega primeiro na bola e recolhe a perna para evitar o contato. Wallace Pernambucano aproveita para forçar o contato e exagerar na reação.
– Sem dúvida nenhuma a expulsão foi determinante, não só o estado de nervo o qual a arbitragem deixou o jogo, mas a maneira como ele conduziu a partida. Não creio que ele tenha tido uma interferência porque quis, mas talvez pela falta de experiência.
Eu sou muito contra a arbitragem não falar depois de jogo, não participar, não dar entrevista, não fazer coletivo, não tirar dúvidas. Porque todos nós somos expostos, nós estamos trabalhando e desse esporte tão profissional e tão valorizado que se tornou o futebol, esse business que se tornou, o único não profissional é o árbitro de futebol.
Escolhas na escalação
O técnico foi questionado pela insistência em escalar Marquinhos Pedroso na lateral esquerda, tendo em vista a diferença de desempenho e a mudança no esquema sempre que Guilherme Guedes entra.
Marquinhos explicou que optou pela postura defensiva de Pedroso para anular Thiaguinho, do Treze. E complementou sobre Guilherme Guedes:
O Guilherme tem a questão ofensiva com maior qualidade e muitas das vezes quando ele entra no último terço ele tem melhor aproveitamento e ajuda mais.
Ele explicou também o motivo das substituições:
– Em questão das trocas, foi justamente por cansaço. O Gustavo Ramos, o Giovani e o Henrique, os três da frente, foi por cansaço.
Semana de trabalho e Departamento Médico
Marquinhos também falou sobre as dificuldades enfrentadas com lesões e suspensões, mas mostrou-se otimista com a possibilidade de recuperar atletas para o próximo jogo contra o Sousa.
Nós vamos ter esse tempo, acho que um tempo hábil para que se possa recuperar os atletas que estão no DM. Chegou a hora, nós temos que diminuir, tirar os caras de lá, já houve reuniões, conversas, e sabemos que chegamos num determinado momento da competição que temos que contar com o máximo de atletas possíveis.
Também foi perguntado sobre Ricardo Bueno, se existe a possibilidade de fazer a estreia no próximo jogo contra o Sousa. O treinador explicou que Bueno chegou em um momento de transição, e citou as diferenças de metodologias e protocolos adotados por cada clube. O América terá 10 dias para treinar e se recuperar até enfrentar o Sousa, na quinta-feira (27).
Nesse tempo a gente tem opções para qualificar e quantificar as opções táticas dentro desse leque para mexer na equipe e pode ter estreia sim, sem dúvida nenhuma.
Classificação na Série D
O técnico comentou a competitividade da Série D, e especificamente do Grupo A3, do qual o América faz parte:
– O Treze é o ponto fora da curva. Acho que o Manauara também, claro que numa chave um pouco diferente. A gente sabe que é uma competição que tem suas peculiaridades regionais.
Para o técnico, o Grupo A3 da Série D é extremamente competitivo, refletindo a qualidade do futebol nordestino. “Nós temos aí três, quatro equipes que poderiam estar disputando uma Série C”, destacou.
Marquinhos falou sobre as expectativas e cobranças em cima do América. O técnico concordou que deveria estar disputando a primeira colocação, e que o time tem investimento para tal. Mas fez algumas ressalvas. Como por exemplo, a diferença de calendário entre América e Iguatu. O América fez 35 partidas no ano, em 4 competições diferentes. Já o Iguatu fez 17 jogos, apenas.
A gente vem encontrando soluções desde o início da temporada, trocando peças, trocando escalações, mudando sistema. Não está sendo um trabalho fácil, mas mérito dos atletas, mérito desse grupo, mérito da Diretoria sim, da SAF, que tem buscado nos oferecer condições para que se possa fazer um bom trabalho.
Marquinhos Santos destacou a diferença entre a expectativa do torcedor antes da competição e a realidade enfrentada durante a Série D. Ele reconheceu que a alta expectativa pode levar a frustrações quando o desempenho não corresponde, mas enfatizou a importância de compreender a competição e os desafios enfrentados pelo América.
Desde o começo eu falei que nós tínhamos que classificar. Claro que não se pode aceitar o América numa quinta colocação de uma Série D, numa quarta colocação não, tem que tá brigando em cima. Mas, diante de tantas dificuldades que tivemos, o pensamento é classificar.
Apontou também os problemas de lesões enfrentados pelo América e a necessidade de utilizar jogadores não totalmente preparados para resolver jogos. Ele elogiou a performance dos jovens jogadores, como Henrique, Caio Hones e Fernando, que têm se destacado e contribuído significativamente em alguns jogos. Marquinhos expressou confiança no futuro de Henrique:
– O Henrique, sem dúvida nenhuma, vai ser uma surpresa pro futebol brasileiro. Vai ser um jogador que vai render muito dentro do América, para o América, para o futebol brasileiro e no cenário mundial – destacou o técnico.
Queda no desempenho
O treinador falou sobre a queda no desempenho, comparado ao início do ano, quando o América foi campeão invicto do Campeonato Potiguar e ficou 16 jogos sem perder. Marquinhos explicou as adversidades enfrentadas com as lesões e substituições constantes, obrigando o uso da segunda, terceira ou, até mesmo, da quarta opção dentro do elenco, para posições como as laterais, e a zaga. Além disso, pediu calma diante destas adversidades:
– A gente tem que ter calma. O time, mesmo assim, está conseguindo somar pontos, está conseguindo fazer uma campanha de G4 – disse o técnico. E concluiu:
Não tenho dúvida, vai ter um grupo mais qualificado, com mais opções a partir do jogo do Sousa, sem dúvida nenhuma.
Contratações
– A gente falava muito em contatações, o pedido para que viesse. Chegaram atletas, alguns não estão em condições. O Luidy hoje, já um pequeno período, entrou no jogo para que se possa, justamente, sentir o jogo, já que há algum tempo não joga pelo Operário.
O Thiaguinho, só na abertura da janela né.
Veja outros assuntos abordados na entrevista:
Mudança no ataque do último jogo
– Eu creio que são momentos, agente tem que entender o dia a dia. Não sou um treinador que me apego a sistema, que me apego a nome. Eu classifico que o dia a dia é quem escala o jogador e eles (Gustavo Ramos e Giovani) durante a semana se mostraram muito bem para que pudessem iniciar a partida. E por característica do adversário, eu entendia que o Giovani tinha que prender, tinha que segurar um pouco mais a bola à frente, porque nos últimos jogos a bola estava batendo, estava voltando e nós não estamos conseguindo ter a transição e a compactação. A entrada do Giovani ofereceu isso.
Saída de bola
– O Ferrreira não podia montar estrutura de saída também na linha de três, porque ficava exposto e alguns jogos mostraram isso. Hoje nós não fizemos saída de três, nós montamos uma saída de quatro com Buiú (Marcos Ytalo) mais sustentado também, para que nós tivéssemos uma superioridade numérica, entendendo que o Thiaguinho é um atleta que pressiona muito bem, o Thiago Alagoano, pela sua experiência, sabe fechar a linha de passe, e o Wallace também fazendo a dobra de marcação em cima dos zagueiros. A gente tentou atrair esses três homens do Treze para que sobrasse aquele espaço nas costas, e tivéssemos superioridade numérica por dentro com Ferreira, Wenderson, Souza e Henrique. Deu certo, acabamos tendo superioridade, acabamos voltando a ter um controle de jogo que há dois ou três jogos, na minha opinião, nós não tivemos.
Erros de passe
– Quando você tem um meio-campo com qualidade, no caso do Ferreira, também o Souza e principalmente o Wenderson, e Henrique vindo por dentro, nós temos que procurar fazer com que esses atletas joguem, mas nós temos que ter a sabedoria também de entender o nosso momento. Entender e ter a percepção da confiança. E isso que eu falei até na beira do campo pro Hygor (Ribeiro), citei pro Alan, citei pro Buiú. Nesse tipo de jogo de situação em que está sendo pressionado, não tem a confiança pra achar o passe e não oferece condição de linha de passe, a gente tem que alongar. Nós fizemos isso contra o Santa Cruz, contra o Corinthians, e quando se fez, deu certo. A gente tem alternativas de saída, ela não é engessada, não é única. Aí, claro, cabe tomar a decisão ali dentro. O atleta tem que sentir a decisão para que se tenha uma melhor ação.